Grupo 14 2017 | ateliefurb

Ambientes e Percursos do Ler

Amanda Estéfâny & Robson Fabiano

Localização: MAD - Bairro Ribeirão Fresco, Blumenau - SC, Brasil

Nome do grupo: Amanda Estéfâny e Robson Fabiano.
Área : 211,35 m²

Modelo Estrutural: Concreto Armado

Localizado no MAD – atingidos pelo desastre de 2008 em Blumenau - o projeto “Ambientes e Percursos do Ler” é direcionado em primeira instancia a aproximadamente cinquenta crianças desta comunidade. Em segundo momento podendo se estender as crianças do “Morro da Garuva” e restante do bairro. O projeto é um espaço educativo que dá ênfase a habilidades práticas através do ler. Foi concebido através de um estudo e análise sobre a metodologia “Escola Ponta” o que proporcionou a este projeto três eixos: LIBERDADE, RESPONSABILIDADE e SOLIDARIEDADE que se alinhou com o tema do projeto. Que seria buscar ajudar na formação de pessoas mais autônomas, responsáveis, solidárias, mais cultas e democráticas.

O programa do projeto é bem simples consistindo em apenas:
- Espaço Biblioteca;
- Espaço Performance;
- Sanitários.

Através desses ambientes se deu origem a outros no projeto, como espaços mais particulares de leitura, de multiusos que estão conectados com o ler. Desde o início optamos para que este seja de fato um local de posse das crianças. A forma como esse programa se direciona a elas vem agregado com a provocação do convívio coletivo, processo autônomo de aprendizado, autonomia nas transições dos espaços, gerenciamento de suas próprias atividades e cultura colaborativa. O que de fato pode resultar para essas crianças autonomia e apropriação deste espaço.

O mobiliário da biblioteca foi pensando na praticidade que seria para as crianças. Por este motivo optamos por mobiliários que dessem maior conforto e a altura dos mobiliários se delimitam a uma altura razoável para melhor praticidade das crianças.

O Espaço Performance foi criando com o intuito de colocar em prática o que vem do ler. Esse ambiente é um local experimental onde as crianças podem utilizá-lo para oficinas de teatro, apresentações, leitura dramática, poesia, música e outros. A abertura em porta camarão foi criada na intenção de proporciona uma relação do interior do edifício com o exterior. A ponto de que em alguns momentos o palco interno possa ser assistido por demais pessoas que queiram pelo lado de fora.

O deck em madeira em sua maioria é um local de leitura ao ar livre, mas acima de tudo, busca valorizar a importância da natureza. Na sua extensão, pode ser utilizado pelas crianças e demais para assistirem as apresentações que ocorrem no "espaço de performance", ou para alguma oficina que ocorra ao ar livre. Além de proporcionar mais locais de interações e convívio.

A barreira em bambu apresenta algumas aberturas que em certos momentos são como pequenos portais, criando uma conexão entre o terreno e a rua, a cidade. Por mais que a barreira tem como intuito direcionar a chegada a este lugar, seu apelo maior se dá pela provocação e curiosidade quanto a este espaço e o que acontece ali. Além de exemplificar o código da arquitetura deste projeto que é contemplado em linhas curvas, círculos e retas. A escolha do bambu se deu por ser um material versátil e durável. Além dessas características que a fibra natural traz, e como foi empregada, o material proporciona uma sensação de proteção e proximidade com a natureza.

A criação se deu pela junção de dois mundos diversos: “aquele das crianças, onde habita a inocência, o jogo, a surpresa, a descoberta, a fascinação e os sentidos, e aquele dos adultos, onde governa a responsabilidade, o trabalho, a hierarquia, a utilidade, a economia e o racional”. Buscando pelo equilíbrio que resultou em liberdade, fluidez e harmonia no projeto, e materializando a ambiguidade e duplicidade existente entre estes dois mundos e suas relações.

O que gerou sensações como a escala dos edifícios que se dá apenas em um pavimento e que se mantem também na escala do entorno. No mais as sensações dos materiais escolhidos como uso do concreto, o vidro e a madeira, locais de amplitude e espaços de abrigo, e mais além a setorização que se ordenam para um bom controle e funcionalidade deste espaço.

As aberturas em sua maioria foram pensadas e adequadas para garantir uma boa ventilação e aproveitamento dos ventos predominantes afim de que possa assegurar ventilação cruzada para um melhor conforto nos ambientes. Outro fator que caracteriza o projeto é a permeabilidade visual, criando conexões.

A preservação da vegetação já existente no local e adição de outras vegetações é outro fator que contempla o projeto. Optou-se por utilizar cobertura verde para ajudar na drenagem da água, isolamento acústico e térmico das edificações. Também foi agregada uma cobertura em trama que cria vida com as trepadeiras e se intercala com cobertura transparente, transmitindo a sensação de um jardim suspenso sobre essas edificações. Despertando através da arquitetura novas perspectivas, livres pensamentos, criação, aprendizado e experiências para as crianças através da leitura.