
CONNECTA

Meraki Symphōnía
Meraki (μεράκι)
Fazer algo com a alma, com paixão, com absoluta dedicação — colocar um pedaço de si mesmo no que se faz.
(Gr. moderno — conceito de criação com essência)
Symphōnía (Συμφωνία)
Literalmente “soar juntos”. Expressa a ideia de harmonia através da colaboração, onde diferentes vozes se unem para criar algo maior.
(Gr. clássico — raiz de “sinfonia”, colaboração harmoniosa)
Sobre-Anteprojeto
Alunas: Aliessa Hoh e Ana Júlia König Da Silva
Professores: Christian Krambeck, Ketlin Bruna Montanari e Karol Diego Carminatti Baumgärtner
Disciplina: Ateliê V : Projeto Integrado de Arquitetura : Redes e Conexões com a Comunidade
Localização: R. São Paulo, 3320 - Victor Konder, Blumenau - SC, 89030-000
Área do terreno: 4.904m²
Localização

R. São Paulo, 3320 - Victor Konder, Blumenau - SC, 89030-000



Contextualização e Desafios
O terreno está localizado no bairro Itoupava Seca, em Blumenau, em uma área com ocupação fragmentada e presença de estruturas desativadas ou em desuso, que hoje pouco contribuem para a vitalidade urbana local. Recebemos o desafio de desenvolver um projeto de grande escala, como ampliação do Centro de Inovação de Blumenau (CIB), em um contexto urbano carente de articulação espacial. Entre os principais desafios enfrentados estavam a topografia acentuada no fundo do lote, a necessidade de integração efetiva com o entorno que inclui a Casa Salinger, a ruína, o bloco I da FURB e a malha viária , e a definição do porte e da linguagem do novo edifício: até que ponto crescer, como ocupar, e principalmente, por quê. Também se impôs a questão crítica de como dar sentido e reuso às estruturas existentes, de forma que se tornassem atrativas e funcionais dentro da nova proposta, sem apagar sua carga histórica.
Essas questões moldaram a tomada de decisões e nos conduziram à concepção do Meraki Symphōnía, um projeto que nasce do desejo de criar com alma, de forma coletiva e ressonante. Um espaço acessível, vivo, que promova sociabilidade, impulsione a inovação e possibilite a construção de novas ideias em sintonia com o lugar e com as pessoas.

Objetivo
O objetivo da proposta de ampliação do Centro de Inovação de Blumenau (CIB) é consolidar o espaço como um verdadeiro polo de inovação, colaboração e desenvolvimento. A ideia central foi criar uma continuidade fluida com o edifício existente, tanto em termos funcionais quanto nos diferentes tipos de uso, como áreas de coworking, salas multiuso, espaços para eventos e convivência. O novo projeto busca potencializar as interações, promovendo encontros entre estudantes, empreendedores, pesquisadores e a comunidade em geral.
Além disso, priorizou-se a integração com o entorno imediato: a rua de acesso, a Casa Salinger como Museu da Estação, a ruína como centro cultural, o bloco I da FURB e o próprio CIB atual. A proposta articula esses elementos através de percursos intuitivos, espaços atrativos e conexões visuais e funcionais, com o objetivo de fortalecer o uso coletivo da área e estimular a circulação de pessoas entre esses equipamentos. O novo CIB se apresenta, assim, como um conector urbano e social, que não apenas abriga inovação, mas também a espalha.
Edificação
A proposta de ampliação do CIB se concretiza em uma edificação de 1.867,06 m² de área útil, distribuída entre térreo, dois pavimentos superiores e cobertura técnica. A volumetria é simples, funcional e elegante, com uma linguagem limpa e adaptável ao contexto. A composição se apoia em elementos como brises verticais pivotantes, painéis de madeira, varandas, marquises e sacadas com portas sanfonadas, que conferem ritmo, leveza e controle ambiental à fachada. Dois volumes se destacam formalmente: a sacada frontal, que projeta um avanço sobre a fachada frontal, e o volume vertical da torre da caixa d’água, que se estende até o térreo e marca a edificação como um elemento de orientação no conjunto. Há também subtrações estratégicas na massa construída, como nas varandas dos primeiros e segundos pavimentos, gerando sombras, respiro e relação visual com o entorno. O térreo possui área menor que os pavimentos superiores, o que gera balanços que, além de enriquecerem a volumetria, criam proteção natural para os espaços externos e áreas de permanência junto ao solo. Trata-se de um projeto com clareza formal, onde cada escolha construtiva busca responder ao uso, ao contexto e à experiência do usuário.
Galeria-Implantação/Fluxo e Acessos/Insolação e Ventilação
Na implantação, o novo CIB foi posicionado estrategicamente próximo ao acesso principal do edifício existente, criando uma continuidade física e visual entre as duas estruturas. Ao mesmo tempo, mantivemos recuos generosos nos fundos e na frente do terreno, permitindo a criação de espaços externos qualificados e usos complementares, como o deck, a escadaria invertida, o parque e a área de containers. A edificação foi implantada de forma centralizada em relação à rua, o que se mostrou coerente para equilibrar os fluxos e garantir acessibilidade a partir de diferentes direções do entorno.
O sistema de fluxos foi estruturado com base na fluidez e integração. Os caminhos de pedestres são totalmente interligados: é possível entrar por uma das portas laterais e atravessar todo o edifício até o deck nos fundos, com percursos contínuos e orgânicos que favorecem o uso espontâneo. Os trajetos se estendem até o Bloco I da FURB, reforçando a conexão com o campus e articulando o conjunto urbano ao redor do terreno, promovendo continuidade e integração entre os diferentes pontos de interesse. Para veículos, o acesso é realizado pela entrada principal do campus, que conduz aos fundos, permitindo o uso compartilhado com o CIB existente sem interferir na área de pedestres.
Galeria-Setorização
A setorização foi pensada de forma fluida e funcional, garantindo que os diferentes espaços se conectem de maneira natural. No térreo, distribuímos os ambientes de maior uso coletivo: uma ampla área de coworking, com flexibilidade para também receber eventos; um café com cozinha de apoio que atende todo o CIB; e um auditório com área técnica de suporte. A recepção foi posicionada estrategicamente para atender aos quatro acessos principais, que integram o edifício ao seu entorno e facilitam a circulação de diferentes públicos. Complementam o pavimento um lounge de descanso, sanitários feminino e masculino, e o núcleo vertical de circulação com escada e elevador dispostos lado a lado, otimizando o fluxo entre os andares.
No primeiro pavimento, a setorização concentra os usos mais institucionais e de suporte. Estão distribuídos nesse nível espaços de coworking complementares, uma sala ampla destinada a startups, salas de reunião, área de treinamento, setor administrativo e uma área de descompressão voltada ao bem-estar dos usuários. Uma copa foi inserida para atender as demandas internas do pavimento, além de banheiros que garantem autonomia de uso. O andar também conta com uma varanda, funcionando como espaço de respiro e conexão visual com o entorno.
Já no segundo pavimento, o foco se volta para startups. O andar conta com salas para locação, cabines individuais de trabalho, uma copa de apoio, além de um espaço híbrido de biblioteca integrada ao coworking. Também foram incorporadas uma área de descompressão, varanda e um depósito de apoio, garantindo funcionalidade e conforto para os usuários em diferentes ritmos e dinâmicas de trabalho.
Galeria de Tabelas Técnicas
Galeria-Planta Baixa
Galeria-Corte
Galeria-Fachada
Galeria-Fotos Externas
Cores e Materiais
Para criar um ambiente acolhedor, contemporâneo e convidativo, optamos por uma paleta de cores neutras e atemporais, composta por tons de bege, branco e um cinza com nuances terrosas. A madeira desempenha um papel central na proposta, presente tanto no primeiro quanto no segundo pavimento, aplicada em painéis verticais, no brise pivotante que percorre toda a fachada lateral, e na sacada frontal.
O uso da madeira traz calor e textura ao conjunto, equilibrando a sobriedade dos demais tons. O volume da sacada, em branco, parece flutuar sobre a base mais escura, reforçando a leveza da proposta e criando um jogo visual sutil. O uso estratégico do vidro, presente em janelas amplas e guarda-corpos das varandas, garante transparência, conexão visual com o exterior e reforça a intenção de abrir o edifício para o entorno e para as pessoas.
Entorno
-Ruína: Para a ruína existente no terreno, propusemos sua reativação como Centro Cultural Meraki Nous, nome que carrega o significado de “consciência criativa” ou “pensamento com alma”. A proposta mantém a estrutura original da antiga fábrica, preservando sua carcaça como memória do lugar, mas introduz uma nova camada: uma máscara com recortes orgânicos que ressignifica o espaço e convida à criação. Uma marquise lateral abriga uma mesa fixa pensada para oficinas e encontros voltados à arte, funcionando como um espaço coletivo de experimentação. Internamente, o ambiente é completamente aberto, com bancos, paisagismo e murais em formas orgânicas que se conectam visualmente, guiando o visitante de um ponto ao outro de forma fluida, intuitiva e sensorial.
-Casa Salinger: Para a Casa Salinger, definimos o uso como Museu da Estação, resgatando a função histórica que o Campus 2 da FURB já desempenhou anteriormente. A proposta visa não apenas preservar essa memória, mas valorizá-la ativamente, reforçando a identidade cultural da região. Dessa forma, a Casa Salinger permanece como um marco vivo do passado ferroviário.


-Parque: Na entrada do terreno, propomos a criação de um pequeno parque, considerando o grande fluxo de crianças na região devido à presença de escolas próximas. A proposta também antecipa o uso futuro do entorno, com a possível ativação da ruína como centro cultural e da Casa Salinger como museu da estação, tornando o ambiente mais familiar e atrativo para diferentes faixas etárias. Para garantir a segurança das crianças, o parque conta com proteção em seu entorno parcial.


-Deck: Nos fundos do CIB, foi implantado um deck conectado ao acesso do auditório. O espaço conta com jardim, fonte e bancos, criando uma área de permanência agradável ao ar livre. Por estar em um nível elevado, oferece vista do entorno e funciona como uma extensão do auditório, ideal para momentos de pausa e convivência.


-Escadaria: Aproveitando o declive natural do terreno, propusemos uma escadaria que conecta o nível do CIB ao patamar inferior, facilitando a circulação entre os diferentes pontos do lote. A escadaria foi pensada como um espaço de permanência e encontro, com degraus largos e áreas de descanso que incentivam o uso espontâneo. Ela funciona como eixo articulador entre os edifícios e também como mirante para o entorno.



-Containers: Propomos aos fundos do terreno uma área dedicada a containers, localizada logo após a escadaria. Esse espaço conta com vista privilegiada para o Rio Itajaí-Açu e foi pensado como um ponto de encontro aberto a toda a comunidade. A ideia é ativar o fundo do terreno com uso cotidiano e acessível, criando um lugar de convivência informal, gastronomia e pausa.
-Caminhos: Desenvolvemos caminhos orgânicos que se conectam entre si, guiando as pessoas de forma natural e fluida para dentro e fora do CIB. Esses trajetos são valorizados por um paisagismo integrado e uma fonte, que cria uma atmosfera tranquila e convidativa, sem interferir na circulação. Além disso, uma escada invertida foi projetada como espaço de permanência e encontro, oferecendo um local informal para interação e descanso.
-Paisagismo: Desde o início, o paisagismo foi pensado para valorizar a conexão do CIB com seu entorno imediato. Priorizamos que as vistas das janelas sejam voltadas para áreas verdes, reforçando a presença da natureza ao redor do edifício.Ainda que a inovação seja muitas vezes associada a ambientes high-tech e superfícies frias, aqui propomos que ela também pode e deve florescer em meio ao verde. O projeto desafia a ideia de que tecnologia e natureza são opostos, mostrando que o ambiente natural pode ser um estímulo essencial para a criatividade e colaboração.